Documentários como prática de letramento e resistência no ensino médio durante a pandemia
Resumen
Este artigo analisa uma experiência pedagógica desenvolvida durante o período de ensino remoto emergencial com estudantes do ensino médio da rede pública, com foco na produção de documentários como prática de letramento digital. A proposta se insere no campo da pedagogia crítica e do letramento como prática social, com base na compreensão de que a linguagem é instrumento de construção de sentido, autoria e pertencimento. A metodologia adotada é qualitativa, com inspiração etnográfica e caráter participante, na qual o professor atua como pesquisador da própria prática. A experiência foi estruturada em forma de sequência didática, desenvolvida em ambiente virtual, e teve como objetivo estimular a autoria, a reflexão crítica e a valorização das vozes estudantis. Os estudantes produziram documentários sobre temas socialmente relevantes, enfrentando desafios técnicos e emocionais, mas também criando espaços de expressão e escuta. Os resultados apontam que, mesmo em contextos de exclusão e instabilidade, é possível construir práticas de linguagem significativas, que promovam o protagonismo discente e o exercício da cidadania. A experiência demonstrou que o ambiente digital pode ser ressignificado como território de encontros simbólicos e de resistência, desde que mediado por ações pedagógicas sensíveis, críticas e inclusivas. A discussão será fundamentada em autores como Freire, Brian Street, Kleiman, Clifford Geertz, Campoy, David Tripp, Vera Candau e John Grierson, cujas contribuições sustentam a análise do letramento como prática social, da escuta pedagógica e da produção audiovisual como expressão crítica e cidadã.